Em um desses dias quentes, entre um gole e outro, comecei a lembrar que pouco tempo atrás era missão das mais difíceis encontrar boa variedade de cervejas especiais aqui no Brasil. Eu mesmo só fui descobrir há uns quatro anos minha paixão pelas weiss, as cervejas de trigo.
Pelo que me lembro, a primeira que experimentei, por incrível que pareça, foi a Bohemia Weiss, no evento de lançamento. Depois resolvi provar a Erdinger, que tinha chegado um pouco antes ao Brasil com grandes investimentos em marketing e distribuição. Achei deliciosa e falava dela para todo mundo. Na época a Débora até me presenteou com um kit.
Mas a vida é um processo dinâmico e, certo dia, estávamos no Bier & Bier quando vi num quadro o distintivo do Bayern de Munique com uma marca em letras garrafais (sem trocadilho) ao lado: PAULANER.
Foi paixão ao primeiro gole e desde então procuro experimentar todas as cervejas de trigo que encontro para ver se alguma se compara. A mais próxima que encontrei foi a Weihenstephaner, cerveja mais antiga do mundo e sobre a qual pretendo dedicar um post em breve.
Recentemente, além da Oettinger, sobre a qual já postamos, provei a Franziskaner Hefe-Weissbier, com 5% de teor alcoólico.
Mas a única semelhança com a Paulaner é mesmo a cidade de origem, pois é bem mais amarga e apresenta apenas um leve sabor de banana. O gosto forte de malte tem seus méritos, mas não afasta a sensação de que alguma coisa está faltando. Já o cheiro é lamentável, segundo a Débora, semelhante ao da fumaça de churrasco.
Outra alemã de trigo que conheci agora foi a Licher Weizen, produzida desde 1854 e com 5,4% de álcool. Essa supera a Franziskaner com folga, tem bom aroma e sabor bastante adocicado. Porém poderia ser um pouco mais encorpada.
Em síntese, a minha busca pela cerveja perfeita continua esbarrando na Paulaner.
Sobre ela é importante dizer que apesar de ser uma das campeãs de exportação, toda a produção da cervejaria se dá na fábrica de Munique, esforço com o objetivo de não comprometer a qualidade.
A Hefe-Weissbier Naturtrüb (trigo clara) é frutada do começo ao fim. Seu aroma é de banana, um pouco de cravo e outras especiarias difíceis de distinguir. Simplesmente indescritível (apesar de eu ter acabado de tentar descrever). Espuma espessa e duradoura, cor turva puxando para o dourado. Encorpada, com 5,5% de teor alcoólico e equilíbrio perfeito entre amargo e doce. Essas são as características da melhor cerveja que já provei.
Como nem só de pão vive o homem (os alemães chamam a cerveja de trigo de pão líquido), vale destacar que as outras versões da Paulaner também são deliciosas. Uma delas é a Oktoberfest Bier, lager extra com 6% de álcool. Dourada, com muita espuma, bom corpo, levemente amarga e com forte gosto de malte. Imperdível!
Sugestão do chef: O ranking das cervejas de trigo claras do chef traz em 1º lugar a Paulaner, 2º Weihenstephaner, 3º Licher, 4º Eisenbahn e 5º Erdinger. Se você também tiver um ranking das weissbier, mande para nós!