28 de out. de 2007

Corrientes 348

Nos últimos anos abriram muitas casas de parrilla na cidade de São Paulo. No entanto, a intensa proliferação dessas churrascarias argentinas foi insuficiente para ofuscar representantes do gênero estabelecidos há mais tempo na paulicéia.
Exemplo disso é o 348 Parrilla Porteña – também conhecido como Corrientes 348 – e sua longa fila de espera nos fins de semana. A casa foi aberta há 10 anos, no número 348 de uma rua da Vila Olímpia. Uma grande coincidência que remete à letra de “A media luz”, tango imortalizado por Carlos Gardel e que pode ser ouvido no site do restaurante.
O local é extremamente agradável, a começar pela florida e arborizada entrada, cujo belo visual minimiza o tédio da espera por uma mesa.


Assim que conseguimos um lugar, enganamos a fome com empanadas de carne com uva passa (R$ 4 cada), na companhia de ½ jarra de sangria (R$ 18). Sem dúvida, um bom começo.

Nas carnes, oferta dos cortes tradicionais argentinos. Nossa escolha foi ½ porção de ojo de bife, ao preço de R$ 42 (o inteiro custa R$ 76). Para acompanhar, ½ arroz parrillero com lingüiça picante, ovos e batata palha (R$ 9) e uma papa parrillera com manteca (batata grelhada com manteiga, por R$ 10).


Valeu a espera: a carne estava bem saborosa e chegou no ponto que pedimos.

Sugestão do chef: o cardápio de sobremesas é interessante e diversificado, mas olha só a foto e diga se dava pra escolher algo que não fosse essa panqueca de doce de leite (R$ 16).

348 Parrilla Porteña (Corrientes 348): Rua Comendador Miguel Calfat, 348 – Vila Olímpia – São Paulo – SP – Tel.: (11) 3849-5839

21 de out. de 2007

Contemporâneo, porém nostálgico

Lá na Praça Dom José Gaspar, atrás da Biblioteca Municipal, funcionou por muitos anos um dos bares históricos de São Paulo, o Paribar. Dizem que naquela época, meados das décadas de 50 e 60, a cidade tinha uma certa aparência européia, algo que pode ser reeditado – com uma imensa dose de boa vontade – na retina de quem observa hoje a praça de forma isolada, sem desviar a atenção para o seu entorno. Mas o fato é que desde 2005 o mesmo local abriga o Santa Fé, um elegante restaurante contemporâneo, que destaca a culinária italiana e é outra boa opção no centro velho.

Os boêmios intelectuais deram lugar aos executivos modernos, boa parte deles funcionários da companhia espanhola que controla a comunicação por telefone no Estado. Um público que os guias gastronômicos definiriam como “arrumadinho”.

Antes de ir com a Débora, já tinha almoçado lá algumas vezes. Sabia, portanto, que o nhoque de mandioquinha e o linguini ao brandy eram deliciosos. Insisti nas massas e pedi o ravióli de mussarela Paribar, servido com molho de manteiga, amêndoas, sálvia e crutons de legumes (R$ 18,90). Delicioso.

A Débora foi um pouco mais ousada: escolheu camarões grelhados ao molho de mel (26,70), com cebola, mostarda, creme de leite e arroz piemontese. Uma receita interessante, porém mal executada, o que resultou em um prato doce demais.


Sugestão do chef: A cada duas semanas, sempre nas tardes de sábado, acontece na Praça Dom José Gaspar o projeto Piano na Praça. Gente de peso, como João Donato e Flávio Venturini, já deu as caras por lá.

Santa Fé: Praça Dom José Gaspar, 42 – República – São Paulo – SP – Tel.: (11) 3237-0771

19 de out. de 2007

Iguarias árabes

Antes de chegarmos ao Almanara, fizemos algumas compras nos arredores da rua 25 de março, maior centro comercial a céu aberto da América Latina.
Nessa região a oferta de produtos é muito grande e diversificada, dá pra encontrar coisas que nem imaginamos existir! O problema é que o excesso de público – intensificado aos sábados – atrapalha o passeio.

Por isso já saímos das nossas casas com o roteiro traçado.
E já que o destino final era um almoço libanês, aproveitamos o ensejo e incluímos mais uma atração gastronômica ao nosso roteiro, o Empório Syrio.
A loja não é muito grande, mas chega a ser um paraíso para os amantes da culinária árabe.



Possui desde itens já incorporados ao gosto brasileiro, como as pastas de berinjela, grão de bico e gergelim, pão folha, doces árabes, sfihas, quibes, condimentos, água de rosas, molhos, pimenta síria, diversas castanhas e frutas desidratadas, até produtos menos conhecidos, por exemplo essa exótica geléia de rosas que não conseguimos deixar na prateleira.

Também trouxemos geléia de framboesa e de cassis (dinamarquesas) e bala de alcaçuz (suíça).


Como a caminhada até o restaurante não seria curta, carregar pouco peso era o melhor a fazer. Sendo assim, finalizamos nossa singela compra com um mix de docinhos árabes de gergelim, de figo e nougat – uma espécie de torrone.

Na hora de pagar a conta, não resistimos ao chicle de miski, outra iguaria feita a partir dessa erva que muito nos agradou.


Sugestão do chef: o atendimento da loja é ágil e os funcionários, além de atenciosos, estão preparados para dar informações sobre os produtos, inclusive os menos conhecidos. Em dias de menor movimento é possível conseguir com eles algumas sugestões interessantes.

Empório Syrio
Rua Comendador Abdo Schahin, 136 – Centro – São Paulo
Tel: (11) 3228-3640

15 de out. de 2007

O árabe clássico

Desde o nascimento do blog temos vontade de fazer um especial sobre os restaurantes dignos de nota do Centro de São Paulo. Depois que conhecemos esse excelente blog onde o Tony escreve dicas turísticas sobre a cidade, nos empolgamos ainda mais com a idéia. Porém, apesar de parecer simples, concretizá-la não é tão fácil – pelo menos não em uma seqüência de posts –, pois é preciso tempo para dedicar nossos almejados finais de semana a esse roteiro. E dinheiro para gastar nos bons estabelecimentos, que nem sempre são baratos.
Por isso aproveitamos a última visita ao centro velho para dar um pulinho na unidade mais antiga do Almanara, tradicional restaurante árabe muito apreciado pelos paulistanos.
A filial do centro tem algumas diferenças. A primeira delas é que a decoração não é moderna como a das outras unidades, que ficam em alguns dos maiores shoppings da capital. O restaurante mantém os móveis e o estilo da época em que foi inaugurado, em 1950.



Impossível não sentir o efeito “túnel do tempo”. A outra diferença é que além dos pratos à la carte, existe a maravilhosa opção do rodízio: R$ 35,70 por pessoa e as melhores comidas da casa à vontade.
Pra começar, homus, baba ganoush, coalhada seca, pão sírio e uma simpática saladinha de folhas verdes.


Na seqüência, a apetitosa sfiha de carne.

Quibe cru, tabule e quibe frito deram continuidade ao nosso rodízio.


Depois foi a vez dos tradicionais charutinhos de folha de uva.


Nesse momento nossos estômagos sinalizavam que logo seria hora de parar de comer. Mas conseguimos prosseguir e provar a abobrinha recheada e a kafta no espeto.


Ambas ótimas e macias, cozidas no tempo certo.
O espetinho de frango seria a última delícia do almoço, mas esse nós recusamos para não ocupar o espaço previamente reservado para a sobremesa. Afinal, deixar pra trás um sorvete tão inusitado como o de miski (R$ 7,30) definitivamente não combina com a gente.

Sugestão do chef: dessa vez a dica vai ficar para o próximo post...

Almanara: Rua Basílio da Gama, 70 – Centro – São Paulo – SP
Tel.: 3257-7580

8 de out. de 2007

A festa no Brooklin

Chegamos à Brooklin Fest e fomos direto procurar a barraca do frigorífico Berna.

Parados na fila, tentávamos diluir a dúvida: salsichão grelhado de carne suína (schüblig), de carne bovina (cervela) ou de vitela (kalbsbratwurst)? Ficamos com o último, sem razão para arrependimentos. Os primeiros R$ 5 tinham sido bem gastos.

Impaciente por não ter um copo de cerveja em minhas mãos, fui logo procurar pela nobre bebida. Tive de me contentar com um chopp Ashby (R$ 3), já que novamente não houve oferta de cervejas alemãs, o que seria condizente com o espírito do evento.

O jeito era buscar mais opções para forrar o estômago. Depois de paquerarmos as batatas suíças e admirarmos os joelhos de porco sendo assados – cena que o Rodrigo Purisch iria gostar – decidimos ir até a taberna alemã Zur Alten Mühle, situada em uma das ruas fechadas para a festa.

No ambiente a madeira escura prevalece e a decoração é complementada por latinhas e bolachas de cerveja dos mais diversos países.


Enquanto bebíamos uma Krombacher (R$ 13,30) – cerveja mais vendida na Alemanha – pedimos uma porção de bouletten, que parece ser a especialidade do lugar.

São 12 gostosos bolinhos fritos de carne moída bem condimentada (R$ 20,90). Para acompanhar, uma boa salada de batata por apenas R$ 4.

A casa serve também clássicos da cozinha alemã, como paprika schinitzel (R$ 35,50) e weisswurst (R$ 34) – lingüiça branca com chucrute e batata soutê. Porém, dessa vez resolvemos ficar só nos bolinhos.
Antes da volta para a rua, encerramos a refeição com uma dose de Jagermeister (R$ 5,80), um licor de ervas que, segundo a Débora, tem gosto de remédio, opinião da qual eu não discordo totalmente.

De volta à festa, a Débora insistia que precisava de um doce para tirar o gosto do licor. Tentamos resolver o problema na barraca mais próxima, a de churros.

Mas, apesar da boa aparência, o sabor da guloseima não nos agradou. Quem manda se acostumar aos doces de leite argentinos...
Partimos, então, para degustar umas geléias e depois olhar os bichinhos de estimação que o Clube das Pulgas levou para adoção. A Débora, que é louca por animais, especialmente os gatos, quase ficou por lá o resto do dia.



Ela só resolveu sair mesmo quando a vitrine de uma loja de sapatos “chamou por ela” – apesar de eu não ter escutado.
Muitos minutos depois, foi a vez de olharmos as roupas e os artesanatos vendidos na Brooklin Fest.


Nesse momento percebemos que nem todos entendem o clima de uma festa de rua. Exemplo disso foi dado por uma expositora de enfeites, que fez questão de impedir que fotografássemos sua barraca, apesar de não conseguir explicar o porquê.
Mas se bom humor era recurso escasso para alguns, sobrava para outros. Sobretudo para o pessoal da Sociedade Beneficente Equilíbrio de Interlagos (Sobei), entidade que assiste mais de 3 mil crianças carentes.

Logo que um de seus sorridentes representantes nos viu fotografando os banners e escrevendo no caderninho, prontamente trouxe um informativo e nos disse: “Tudo o que vocês precisam saber está aí, não terão mais trabalho”. A Sobei participou da festa servindo refeições alemãs, e todo o valor arrecadado foi destinado para o trabalho assistencial.
Antes de ir embora, compramos pães típicos da Alemanha na barraca do Club Trasatlântico. O pão kümmel era vendido por R$ 5, já o pacote com três brezels ficava por R$ 7,50.

Nos despedimos vendo a apresentação de um grupo de dança tradicional.


E saímos com a certeza de que voltaremos na festa do ano que vem, mesmo sem as cervejas alemãs. Mas bem que elas poderiam estar lá...

Sugestão do chef: um dos participantes da festa, o Club Transatlântico, promove no dia 20 de outubro seu Oktoberfest. O evento será das 12:00 às 22:00 com ingressos de R$ 20 para sócios e R$ 30 para não-sócios. Para mais informações: Tel.: (11) 2133-8600 ou site: http://www.clubtransatlantico.com.br/

Zur Alten Mühle: Rua Princesa Isabel, 102
Brooklin – São Paulo – SP – Tel.: (11) 5044-4669

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