25 de jul. de 2007

Maracujá para acalmar a fome

Tem dias em que precisamos mesmo é de um restaurante simples que sirva comida bem feita e nada mais. Um bom destino nessas ocasiões é o Maracujá, instalado numa simpática esquina do Itaim.

A casa só abre para o almoço e conta com nada mais que umas 12 mesinhas sempre muito concorridas. No cardápio, receitas criativas com filet mignon, frango e alguns peixes.
Na primeira visita, a Débora testou a interessante opção de montar um prato com carne, molho e acompanhamentos preferidos. O resultado foi um filet de pescada com molho de laranja e mel, purê de mandioquinha e risoto piemontèse, tudo por R$ 21,50.

Eu fiquei com um prato do cardápio, o Salmão Especial, no qual o peixe grelhado recebe a companhia de molho de amêndoas, mel e hortelã, além de risoto de aspargo fresco (R$ 19,50).

Aliás, um dos pontos altos do Maracujá é mesmo a possibilidade de combinar grelhados com risotos. Tá certo que, ao contrário do que manda a tradição, a casa não usa arroz arbório no preparo das receitas. No entanto o sabor e o ótimo custo X benefício compensam a falha.
Além de olhar atentamente o cardápio, quem chega ao restaurante deve ler com atenção a lousa que informa os pratos do dia. Optamos por eles na segunda visita e o resultado foi ótimo. Para a Débora, filet de Saint Peter ao molho de mexerica com risoto de maçã e gorgonzola.

Para mim, filet mignon ao creme de queijo e noz moscada com risoto piemontèse. Combinações perfeitas por apenas R$ 19 cada.

Na hora dos doces, dupla decepção com a torta crumble de maçã e banana e com o mousse especial de maracujá. E boa surpresa ao provar a salada de frutas com sorvete e calda da fruta que dá nome ao restaurante.

Sugestão do chef: a qualidade dos ingredientes utilizados é acima da média dos restaurantes com o mesmo custo X benefício. As frutas bem selecionadas são exemplo disso e uma forma de perceber é pedir o delicioso suco de mexerica. Custa R$ 4 e acompanha bem qualquer prato.

Maracujá: Rua Clodomiro Amazonas, 1063 – Itaim Bibi
Tel: (11) 3846-4365

20 de jul. de 2007

Saudade de um bom arraial

Tudo bem que falta pouco pro mês de julho terminar mas só agora conseguimos escrever sobre festas juninas. Aliás, por conta da correria desse ano fomos apenas à quermesse da Igreja do Calvário, já que ficamos órfãos da ótima festa realizada pelo Sesc Pompéia cuja decoração e comidas típicas eram impecáveis.

Nos empolgamos com a quantidade de barracas e compramos R$ 35 em fichas. Além de quitutes tradicionais, tinha também a barraca italiana, japonesa, baiana e portuguesa.
Para começar, alguns espetinhos de carne que estavam bons. Na seqüência, um razoável vinho quente, fogazza murcha e pesada seguida de polentas fritas.

Com a fome menor, passamos novamente por todas as barracas e notamos que a aparência dos comes deixava muito a desejar. Talvez isso justifique as faixas com a frase: “não somos profissionais, fazemos por amor”, espalhadas por quase todas as barracas. Só que um pouquinho mais de amor na hora de cozinhar não seria mau. O problema é que muita coisa é industrializada, o que é compreensível em uma festa freqüentada por muita gente e com o objetivo de arrecadar fundos para a igreja. Porém, na nossa opinião, poderia haver mais cuidado na escolha dos fornecedores. E não apenas por se tratar de comida (em geral simples), mas porque o preço cobrado não foi simbólico e a festa, uma das quermesses mais divulgadas da cidade, é patrocinada por várias empresas.
Para ninguém dizer que só criticamos, vale ressaltar o salgado que salvou nossa noite: um delicioso tempurá.

Depois dele, a idéia seria provar os doces. Seria. Preferimos pular a sobremesa (coisa rara) porque opções como uma maçã do amor caramelizada apenas na lateral, uma bomba de chocolate esmagada e com recheio ressecado, e os churros encharcados de gordura recheados com um doce de leite quase branco não eram, exatamente, o que pretendíamos para o “grand finale”.
O jeito foi adoçar a boca com algodão doce e aproveitar para lembrar da infância, época em que aproveitávamos ao máximo qualquer festa junina porque todos esses “detalhes” passavam despercebidos. O que de fato importava era colocar a fantasia de caipira, ganhar muitas prendas na barraca da pescaria e terminar a noite dançando quadrilha.

Sugestão do chefe: para aproveitar a quermesse com tranqüilidade o ideal é chegar por volta das 17h, horário inicial da festa. Após às 20:30h o local fica absurdamente cheio pois às 21h começa o show de forró e vira uma espécie de “balada junina”. Mas agora só no ano que vem.

Igreja do Calvário: Rua Cardeal Arcoverde, 950 – Pinheiros – São Paulo – SP – Tel.: (11) 3085-1307

11 de jul. de 2007

O beco da alegria

Quando chegamos à cantina Vico d´O Scugnizzo, cujo nome significa beco do moleque de rua, fomos surpreendidos pela decoração que tem como proposta reproduzir um cortiço napolitano.
O ambiente é simples, até um pouco nostálgico, porém encantador. Impossível não se sentir na Itália da década de 1940.

As roupas penduradas na janela, as luzes das velas e o corredor estreito da rústica viela com chão de paralelepípedo (que por sinal tive de atravessar sobre salto agulha) são os grandes responsáveis pelo autêntico clima do lugar.
O salão é pequeno e as mesas ficam bem próximas.

Nas noites de sábado os clássicos do repertório italiano embalam o jantar ao som de um piano antigo. Dá para notar que algumas mesas cantarolam uma ou outra canção mais conhecida. E para nossa sorte havia uma grande família italiana presente, aliás, o que é comum. Um de seus familiares pegou o microfone e cantou com bastante entusiasmo. O restaurante foi ao delírio! Aplausos, risos, alegria... o clima era de festa e por um instante parecia que todos ali se conheciam.
Bom, como fomos lá para jantar vamos ao que, de fato, interessa. A comida.
O couvert, tipicamente italiano, traz pão, manteiga, sardela, berinjela em conserva e azeitonas temperadas. Apenas uma amostra do que estava por vir.

No cardápio a maior parte dos pratos se resume em massas simples e tradicionais, tudo inspirado em Nápoli. Optamos pelo caneloni de ricota e o ravioli ao forno gratinado com muzzarela, ambos R$ 27,50.

A comida é boa, nada muito diferente das outras cantinas.
Também experimentamos o vinho da casa (R$ 4,20) servido em taça. E estava muito bom.
Mas foi a sobremesa o ponto alto da noite. Semi Fredo Parigi (R$ 6,50), doce feito com sorvete de chocolate, pão de ló molhadinho e bastante cacau em pó. Delicioso!

E para resumir só nos resta dizer que a noite foi ótima, pela comida e pelo clima mágico do restaurante.

Sugestão do chef: é bom estar preparado para encarar a fila de espera, pois a casa é concorrida e não possui muitas mesas. Sem contar que o atendimento é um pouco lento. Mas nada disso é motivo para atrapalhar a diversão.

Vico d´o Scugnizzo: Rua Artur de Azevedo, 773 – Pinheiros
Tel.: 3085-6912 – site: http://www.cantinavico.com.br/

6 de jul. de 2007

Pratos (muito) rápidos

Bar de sucesso na Vila Madalena, o Salve Jorge abriu há uns meses filial no Centro, em frente à BM&F. Local imponente, cenário até de recente comercial da cerveja, ideal para happy hour regado a cervejas do pacote Ambev, com a companhia do delicioso galeto a passarinho, que chega à mesa junto de um bom molho à base de alho.

Menos concorrido, mas também movimentado é o almoço. Para isso o bar mantém um buffet com preço fixo, além de reservar o piso inferior aos pratos à la carte. Só é de se estranhar que os pratos cheguem à mesa de forma assustadoramente rápida, antes mesmo das bebidas, o que faz supor que pouca coisa é preparada na hora. De qualquer forma, vale experimentar o bom salmão grelhado com legumes, arroz e manteiga com ervas (R$ 16).
Havíamos recebido ótima referência do strogonof de camarão (R$ 17), no entanto quando provamos estava bom e nada mais.

Descontados os tropeços e as aceleradas, o Salve Jorge não deixa de ser uma boa opção de almoço no Centro Velho, região que, aos olhos de quem a freqüenta esporadicamente, parece reservar inúmeros bons restaurantes, mas para os que trabalham por lá há alguns anos, bem que poderia ser mais fértil no terreno gastronômico.

Sugestão do chef: se for escolher uma sobremesa, fuja do petit gateau (R$ 8). Ele tem o mesmo formato daquele bolinho industrializado vendido em supermercado. Tem recheio com o mesmo gosto desse e de outros produtos dessa mesma marca. E, se não for o mesmo, é tão ruim quanto.


Sorte deles que o chef Gordon Ramsay não incluiu o Brasil no roteiro do seu Kitchen´s Nightmares.

Salve Jorge: Praça Antonio Prado, 33 – lj. 17 – Centro – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3107-0123
http://www.barsalvejorge.com.br/

2 de jul. de 2007

Guloseima hermana

Se para o Fernando a especialidade argentina são as carnes, para mim são os alfajores.

De origem árabe, foi na Argentina que o alfajor se popularizou e há 130 anos é a “golosina” típica preferida.
Com mais de 150 fábricas espalhadas por todo país e em 34 versões diferentes, o doce é fácil de ser encontrado e consumido não apenas como sobremesa. O tradicional é recheado com o “dulce de leche” argentino, superior a qualquer doce de leite brasileiro, por melhor que seja.
Das diversas marcas existentes a mais conhecida é a Havanna, cuja produção teve início em 1947, na cidade de Mar del Plata.

E o que era exclusividade dos argentinos – e uruguaios – finalmente aterrissou em território tupiniquim no ano passado. Inclusive, já fizemos um post sobre a Torta Rogel, que ao lado dos alfajores é o melhor doce do Café Havanna, seguido das Havannets, cones de chocolate recheados com muito doce de leite.

E não é à toa que os alfajores Havanna são os preferidos dos argentinos e fazem o maior sucesso entre os brasileiros. A massa tem sutil gosto de rum e o doce de leite do recheio leva baunilha. Custa R$ 4 e pode ser encontrado nas versões chocolate branco, ao leite e maizena.
Apesar da proximidade entre Brasil e Argentina é difícil achar outras marcas da iguaria por aqui. Certa vez experimentamos o da Bonafide, empresa especializada em chocolates que só começou a fabricar alfajores recentemente. Talvez por esse motivo não passou de razoável.

Mas, por incrível que pareça, nosso alfajor argentino preferido é brasileiro, ou melhor, paulistano. Você deve estar me chamando de louca, né? Mas calma que eu já explico.
Há mais de vinte anos os alfajores Itati são produzidos pela dona Laila, uma senhora argentina que segue a receita de sua terra natal.

A massa é leve e o recheio farto. Impossível não se deliciar! O que mais gosto é recheado com doce de leite puro e coberto com chocolate ao leite (R$ 1,80). Já o Fernando prefere a cobertura de chocolate meio-amargo.
Goiaba, nozes, castanha de caju, limão, café e chocolate branco estão entre as outras opções (a maioria por R$ 2,20).
Além de uma discreta lojinha, os doces são vendidos em vários estabelecimentos da capital, como docerias, supermercados e empórios.

Sugestão do chef: Caso você more em uma região onde o alfajor não é encontrado facilmente, o jeito é reservar um espaço na bagagem de alguém que viajou rumo ao país dessa “golosina”.

Alfajores Itati: Rua Fernão Cardim, 56, Jardim Paulista. Tel.: 3287–2840
Bonafide: http://www.bonafide.com.ar/
Havanna: http://www.havanna.com.br/

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