19 de abr. de 2007

Filet de Itu

Diversificar o conteúdo é desafio constante para qualquer blog. Temos apresentado nossas impressões sobre locais variados neste espaço, que é um dos poucos de crítica gastronômica independente (leia-se: vamos, pagamos a conta e publicamos nossa opinião sem influência de ninguém). Acontece que, por morarmos em São Paulo, a grande maioria dos estabelecimentos analisados acabam sendo os daqui. Claro que não corremos o risco do blog ficar sem assunto, mas achamos interessante falar também de locais de outras cidades.
É por isso que vamos tentar, periodicamente, ir além das fronteiras da capital. Claro que nem sempre vai ser possível, já que o blog é independente, mas nossos bolsos ainda não conquistaram a tão sonhada “independência financeira”, aquela que os jogadores de futebol conseguem quando vão jogar na Europa.
A boa notícia é que a “expansão geográfica” do blog começa já neste post. Tudo bem, não deu pra ir muito longe dessa vez, mas já tínhamos avisado que não seria fácil! O fato é que estivemos em Itu e fomos a um restaurante com 105 anos de história: o Bar do Alemão.

Itu, como todo mundo sabe, é aquela cidade paulista cuja praça principal tem um semáforo enorme e um orelhão maior ainda.

A fama de cidade dos exageros nasceu com um quadro em que o humorista ituano Simplício afirmava que em sua cidade tudo era grande. O cinema nacional da década de 70 chegou a usar o tema como trocadilho, mas isso em nada interessa aqui pro blog.
O que importa é que o Bar do Alemão parece levar a sério a história na hora de definir o tamanho dos pratos que serve.
A começar pelo couvert (R$ 18), que na verdade é um conglomerado de entradas variadas.

Chamado de antipasto Steiner (nome da família fundadora), traz berinjela, batatas, azeitonas, picles, patês de queijo e de vitela. Quase uma refeição completa.
Mas o que garante mesmo a fama do Bar do Alemão é o filet a parmigiana.

A versão “normal” custa R$ 76 e, segundo o cardápio, serve três a quatro pessoas. Na verdade mata a fome de cinco sem muito esforço.
A foto aí embaixo é da versão “mini”, que, para os padrões da casa, serve duas pessoas (R$ 48, com arroz branco). Detalhe é que no momento da foto duas fatias já estavam em nossos pratos!

Exageros à parte, foi um dos mais gostosos que já provamos. Tão bom que, por mais incrível que isso possa parecer, não sobrou nada. Depois de comer tanto, devemos atribuir à sorte o fato de não termos conhecido o pronto socorro de Itu?
Como um alemão não vive sem cerveja (tem gente que gosta de repetir essa frase), a casa oferece várias opções nacionais de produção industrial e algumas alemãs. Pena que para saber disso você terá que convencer um dos engraçados garçons a levar o cardápio de bebidas até sua mesa. É que o costume faz com que eles perguntem o que o cliente escolheu pra beber, ignorando que o coitado nem sequer teve chance de saber o que a casa oferece (é só um deslize, no geral o atendimento é ótimo).
Com a carta de bebidas em mãos, você saberá que o chopp Löwenbräu pode vir em versões 200ml, 300ml ou 500ml, por R$ 4,80, R$ 7,20 e R$ 12, respectivamente. Detalhe curioso (e negativo) é que a bebida é servida em copos ou canecas das concorrentes Krombacher e Warsteiner, o que causa certa confusão (na foto o líquido dourado é da Löwenbräu, podem acreditar).

O conteúdo não é tão encorpado e apresenta apenas um leve amargor, mas é a melhor opção de chopp e cumpre bem seu papel de refrescar num dia quente. Já aqueles que curtem os não-alcoólicos podem ficar tranqüilos, pois o restaurante serve, entre outros, “refrigerantes e minerais”. Não nos parece provável um tradicional restaurante servir bauxita, então eles devem estar oferecendo água mesmo.
O ambiente do Bar do Alemão é o que pode se chamar de familiar. São dois grandes salões, um deles com madeiras escuras e abajures que oferecem risco a quem tem mais de 1,80m.

O outro é mais claro, com destaque para os enormes e belíssimos vitrais.

Reparando nos freqüentadores dá pra observar coisas que só se vê no interior. Por exemplo, numa mesa próxima uma família comemorava o aniversário daquele que provavelmente é o seu mais idoso integrante. Era hora do almoço de um sábado de calor absurdo, mesmo assim todas as mulheres estavam de vestido no estilo madrinha de casamento. E depois dizem que as paulistanas é que se vestem bem!!!
Saindo do Alemão (que fica no Centro de Itu), num raio de 5Km há opções de fazendas que oferecem bebidas e guloseimas de produção própria. Um delas, a Fazenda do Chocolate, agrada mais às crianças, no entanto conta com uma simpática adega que comercializa bons licores.

Tem também respeitável variedade de geléias, macarrão caseiro, café em pó, mel, além de queijos e biscoitinhos.


Os vinhos, claro, também estão por lá, mas nem perca tempo com eles (não com os de lá).

Garanta logo uma garrafa de licor de chocolate, que justifica o nome da fazenda. Por falar nisso, os bombons vendidos na lojinha bem que poderiam ser melhores.

Sugestão do chef: no Bar do Alemão, dois móveis antigos expõem artigos relacionados à cerveja. Antes de ir embora, olhe com calma a pequena coleção de copos, bolachas de chopp e carrinhos patrocinados por cervejarias.


Bar do Alemão: R. Paula Souza, 575 – Centro – Itu – SP – tel.: (11) 4022-4284 – http://www.bardoalemao.com.br/

Fazenda do Chocolate: Rodovia Itu-Cabreúva (Estrada Parque) – Km 90 – tel.: (11) 4022-5492 – Itu – SP –
http://www.fazendadochocolate.com.br/

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