Há exatos 20 anos o Frangó ocupa um centenário casarão do Largo da Matriz, lá na Freguesia do Ó. Ensinou desde cedo o que a maioria está aprendendo na marra só agora: que bares de bom nível devem ter uma verdadeira carta de cervejas. Fez disso seu diferencial e ganhou justa fama. Mas não se acomodou, quer uma evidência disso? Então saiba que basta uma cerveja gringa desembarcar pela primeira vez em terras brasileiras que as geladeiras do Frangó são um dos primeiros locais a recebê-las.
Tanta atenção às movimentações de mercado tem como efeito colateral uma grande confusão na cabeça de quem olha o cardápio e se vê obrigado a escolher entre as cerca de 200 marcas de cerveja. A decisão, claro, fica por conta da curiosidade: pode ser uma belga ou alemã famosa, uma brasileira produzida em alguma micro-cervejaria da qual poucos ouviram falar, uma japonesa que viajou horas e horas até chegar no Brasil, ou, quem sabe, até uma canadense sem tradição. Outro fator que pode e deve pesar na escolha é o tamanho do bolso. Isso porque os valores variam de um a três dígitos antes da vírgula.
E antes que algum atento leitor berre que nossa função aqui é sugerir, vamos ao trabalho: não deixe de provar o chopp holandês La Trappe Blond. A única cerveja trapista elaborada fora da Bélgica é aromática, apresenta espuma persistente e 6,5% de graduação alcoólica.
Consegue dois feitos raros: o de ser, ao mesmo tempo, encorpada e refrescante; e o de manter no chopp características idênticas à versão engarrafada. No Frangó, seu preço normal é 14,90 (o chopp), mas em épocas de promoção sai por R$ 9,90. Mais conhecida dos brasileiros, a alemã Spaten Hell (R$ 9,50) é outra que agrada. Trata-se de uma lager premium com bom corpo e um amargor característico.
Ambas são garantia de qualidade, mas com tanta variedade fica divertido escolher alguma ilustre desconhecida para ser degustada. Nesse caso, é bom saber que, em meio a duas centenas de marcas, estão escondidas algumas de qualidade duvidosa, pra dizer o mínimo. Nós, por exemplo, arriscamos a Bruge Ale, produzida em Águas de Lindóia. Decepção total! De cara, a cor de suco de caju nos deixou desconfiados.
O que não imaginávamos é que o pior estava por vir: um sabor muito, mas muito doce, quase rivalizando com um bom copo de caldo de cana (que acompanha bem o pastel, mas não se passa por cerveja).O jeito é encarar com bom humor eventuais decepções com uma cerveja desconhecida. Agora, para não se decepcionar com os comes, desconsidere os pratos sugeridos no cardápio e vá direto à porção de coxinha (10 unidades por R$ 13,90).
Crocantes e com farto recheio de frango e Catupiry, fazem jus a cada um dos seus inúmeros fãs.Sugestão do chef: Finalize com um digestivo licor. De cerveja, é claro! Estamos falando do Bierlikör, feito na melhor cervejaria brasileira, a catarinense Eisenbahn. A base dele é a Eisenbahn Dunkel, uma cerveja escura que leva cinco tipos de maltes torrados. Com aroma e sabor de baunilha, sai por R$ 7,50 no Frangó.

Frangó: Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, 168 - Freguesia do Ó - São Paulo - SP - (11) 3932-4818 - www.frangobar.com.br











Diversas casas de sucos, lanchonetes e alguns restaurantes incorporaram a fruta em seus cardápios. E claro que depois disso senti vontade de tomar uma enorme tigela de açaí com direito à banana, granola e xarope de Guaraná, combinação que não só refresca como também proporciona muita energia para enfrentar os dias quentes.
De cor semelhante à de café e com 4,8% de graduação alcoólica, até combina bem com doces como o já comentado fudge. Porém, o aroma artificial de chocolate parece destoar completamente do amargor da cerveja. Resultado disso é o risco de desagradar tanto quem gosta de bebidas amargas quanto os que preferem as docinhas. Vale mais pela curiosidade.
No enorme salão ou em uma das mesas do também espaçoso jardim é possível provar os grelhados na brasa, especialidade da casa. Por R$ 40, duas pessoas dividem o kit picanha, com arroz e polenta acompanhando a carne. Se não quiser ficar restrito a um só corte, peça meia porção de lingüiça calabresa ou toscana (R$ 9).
Para beber, a extensa carta de cervejas traz opções bem melhores que a argentina Isenbeck, que resolvemos experimentar. Ela lembra um pouco as pilsen brasileiras de nível intermediário, o que não justifica o preço (R$ 12 a garrafa de um litro).
Quem gosta de refrigerantes vai querer provar um dos quatro sabores de soda italiana, entre os quais limão siciliano e amora. Suco de uva integral produzido na Serra Gaúcha é outra boa pedida.
Sua origem é interessante. O povo asteca usava as sementes do cacau para produzir uma bebida fria e amarga cujo nome era Tchocolatl. Quando as terras astecas foram conquistadas pelos espanhóis, essa bebida se difundiu entre a família real hispânica, porém açúcar, especiarias e mel foram incorporados a ela para que seu sabor se tornasse adocicado. Tempos depois, os monges espanhóis a transformaram em barras. Aí surgia o chocolate, que aos poucos se espalhou pela Europa e América do Sul, tornando-se cada vez mais apreciado.
Espetaculares, em nada lembram qualquer trufa industrializada brasileira. Digo isso porque elas são leves, cremosas e fresquíssimas, dando a impressão de que acabamos de tirá-las da panela. A última dica é um quase-chocolate, muito comum nos Estados Unidos, chamado Fudge.
