26 de abr. de 2007

Aristóteles na churrascaria

Para o ilustre filósofo grego, a virtude se encontra no meio termo entre o excesso e a carência. E caso ele tivesse conhecido as churrascarias paulistanas que trabalham em sistema de rodízio, provavelmente encontraria ainda mais argumentos para comprovar sua tese.
No Centro, por exemplo, rodízios com preço máximo de R$ 7,99 estão a cada esquina, sempre com “locutores” na entrada chamando/aliciando os pedestres. Alguns deles garantem que no preço está incluso até rodízio de pizza! Mas basta sentir o cheiro da carne queimando pra perceber que eles pecam pela carência. De qualidade, claro.
Em outras áreas da cidade, com destaque para as regiões sul e oeste, estão as churrascarias consideradas “top”. Elas prometem excesso de qualidade, mas cobram preços excessivos e nem sempre justos – nelas o rodízio nunca sai por menos de R$ 65 por pessoa.
Já na Novilho de Prata (unidade Paraíso) é possível encontrar a “virtude”.

Os R$ 38 cobrados pelo rodízio no almoço dos sábados, domingos e feriados estão longe de serem baratos. Mas, se comparado aos dois extremos citados acima, ao menos parecem ser justos. A começar pela ótima mesa de saladas, que inclui opções de sushi e entradas árabes como o delicioso homus.


Dado o sinal verde, as carnes passam numa seqüência sem grandes intervalos, o que permite até recusar uma picanha sem que seja necessário implorar ao garçom para trazer a carne novamente. Picanha que pode também ser degustada com alho ou na versão suína. Tem ainda baby beef, fraldinha, paleta de carneiro, carré de cordeiro, costela, entre outros cortes. Carnes deliciosas, fornecidas sempre pelo mesmo frigorífico, o Marfrig. Difícil é ficar no meio termo na quantidade de comida no prato.

Outro ponto alto é o atendimento. Tão bom que fica a impressão que os garçons adivinham quando você quer pedir um acompanhamento ou simplesmente trocar de prato.

Sugestão do chef: A farofa com ovos não está na lista de acompanhamentos, mas vale a pena pedir para preparar.

Novilho de Prata: Av. 23 de Maio, ao lado do Hospital Beneficência Portuguesa – Paraíso – São Paulo - SP e outros cinco endereços – tel.: (11) 3141-2991 – www.novilhodeprata.com.br

22 de abr. de 2007

Vinho de maçã

Parece estranho, mas o apfelwein é tradicional e muito consumido no centro financeiro da Alemanha, a cidade de Frakfurt. É uma bebida refrescante feita com mosto de maçã.
No começo ameaça lembrar um proseco, mas fica só na ameaça mesmo. No final é sem graça e só um paladar apuradíssimo perceberá o gosto de maçã. Pode ter certeza que a Alemanha tem outras bebidas fermentadas bem mais interessantes.

Onde encontrar: www.emporiofreicaneca.com.br

19 de abr. de 2007

Filet de Itu

Diversificar o conteúdo é desafio constante para qualquer blog. Temos apresentado nossas impressões sobre locais variados neste espaço, que é um dos poucos de crítica gastronômica independente (leia-se: vamos, pagamos a conta e publicamos nossa opinião sem influência de ninguém). Acontece que, por morarmos em São Paulo, a grande maioria dos estabelecimentos analisados acabam sendo os daqui. Claro que não corremos o risco do blog ficar sem assunto, mas achamos interessante falar também de locais de outras cidades.
É por isso que vamos tentar, periodicamente, ir além das fronteiras da capital. Claro que nem sempre vai ser possível, já que o blog é independente, mas nossos bolsos ainda não conquistaram a tão sonhada “independência financeira”, aquela que os jogadores de futebol conseguem quando vão jogar na Europa.
A boa notícia é que a “expansão geográfica” do blog começa já neste post. Tudo bem, não deu pra ir muito longe dessa vez, mas já tínhamos avisado que não seria fácil! O fato é que estivemos em Itu e fomos a um restaurante com 105 anos de história: o Bar do Alemão.

Itu, como todo mundo sabe, é aquela cidade paulista cuja praça principal tem um semáforo enorme e um orelhão maior ainda.

A fama de cidade dos exageros nasceu com um quadro em que o humorista ituano Simplício afirmava que em sua cidade tudo era grande. O cinema nacional da década de 70 chegou a usar o tema como trocadilho, mas isso em nada interessa aqui pro blog.
O que importa é que o Bar do Alemão parece levar a sério a história na hora de definir o tamanho dos pratos que serve.
A começar pelo couvert (R$ 18), que na verdade é um conglomerado de entradas variadas.

Chamado de antipasto Steiner (nome da família fundadora), traz berinjela, batatas, azeitonas, picles, patês de queijo e de vitela. Quase uma refeição completa.
Mas o que garante mesmo a fama do Bar do Alemão é o filet a parmigiana.

A versão “normal” custa R$ 76 e, segundo o cardápio, serve três a quatro pessoas. Na verdade mata a fome de cinco sem muito esforço.
A foto aí embaixo é da versão “mini”, que, para os padrões da casa, serve duas pessoas (R$ 48, com arroz branco). Detalhe é que no momento da foto duas fatias já estavam em nossos pratos!

Exageros à parte, foi um dos mais gostosos que já provamos. Tão bom que, por mais incrível que isso possa parecer, não sobrou nada. Depois de comer tanto, devemos atribuir à sorte o fato de não termos conhecido o pronto socorro de Itu?
Como um alemão não vive sem cerveja (tem gente que gosta de repetir essa frase), a casa oferece várias opções nacionais de produção industrial e algumas alemãs. Pena que para saber disso você terá que convencer um dos engraçados garçons a levar o cardápio de bebidas até sua mesa. É que o costume faz com que eles perguntem o que o cliente escolheu pra beber, ignorando que o coitado nem sequer teve chance de saber o que a casa oferece (é só um deslize, no geral o atendimento é ótimo).
Com a carta de bebidas em mãos, você saberá que o chopp Löwenbräu pode vir em versões 200ml, 300ml ou 500ml, por R$ 4,80, R$ 7,20 e R$ 12, respectivamente. Detalhe curioso (e negativo) é que a bebida é servida em copos ou canecas das concorrentes Krombacher e Warsteiner, o que causa certa confusão (na foto o líquido dourado é da Löwenbräu, podem acreditar).

O conteúdo não é tão encorpado e apresenta apenas um leve amargor, mas é a melhor opção de chopp e cumpre bem seu papel de refrescar num dia quente. Já aqueles que curtem os não-alcoólicos podem ficar tranqüilos, pois o restaurante serve, entre outros, “refrigerantes e minerais”. Não nos parece provável um tradicional restaurante servir bauxita, então eles devem estar oferecendo água mesmo.
O ambiente do Bar do Alemão é o que pode se chamar de familiar. São dois grandes salões, um deles com madeiras escuras e abajures que oferecem risco a quem tem mais de 1,80m.

O outro é mais claro, com destaque para os enormes e belíssimos vitrais.

Reparando nos freqüentadores dá pra observar coisas que só se vê no interior. Por exemplo, numa mesa próxima uma família comemorava o aniversário daquele que provavelmente é o seu mais idoso integrante. Era hora do almoço de um sábado de calor absurdo, mesmo assim todas as mulheres estavam de vestido no estilo madrinha de casamento. E depois dizem que as paulistanas é que se vestem bem!!!
Saindo do Alemão (que fica no Centro de Itu), num raio de 5Km há opções de fazendas que oferecem bebidas e guloseimas de produção própria. Um delas, a Fazenda do Chocolate, agrada mais às crianças, no entanto conta com uma simpática adega que comercializa bons licores.

Tem também respeitável variedade de geléias, macarrão caseiro, café em pó, mel, além de queijos e biscoitinhos.


Os vinhos, claro, também estão por lá, mas nem perca tempo com eles (não com os de lá).

Garanta logo uma garrafa de licor de chocolate, que justifica o nome da fazenda. Por falar nisso, os bombons vendidos na lojinha bem que poderiam ser melhores.

Sugestão do chef: no Bar do Alemão, dois móveis antigos expõem artigos relacionados à cerveja. Antes de ir embora, olhe com calma a pequena coleção de copos, bolachas de chopp e carrinhos patrocinados por cervejarias.


Bar do Alemão: R. Paula Souza, 575 – Centro – Itu – SP – tel.: (11) 4022-4284 – http://www.bardoalemao.com.br/

Fazenda do Chocolate: Rodovia Itu-Cabreúva (Estrada Parque) – Km 90 – tel.: (11) 4022-5492 – Itu – SP –
http://www.fazendadochocolate.com.br/

16 de abr. de 2007

Sabor de infância

Muitas são as coisas que nos remetem a saudosas lembranças. Pode ser um lugar, uma viagem, uma roupa, um cheiro ou... uma comida.
Viajando rumo ao interior paulista, decidimos tomar o café da manhã na estrada. E já saímos de nossas casas com o local escolhido: o Frango Assado.

O espaço é semelhante às grandes redes de conveniência encontradas em qualquer rodovia de São Paulo. Possui restaurante, lanchonete, padaria, posto de gasolina, loja de artesanatos, enfim, os mesmos serviços que todos os estabelecimentos desse gênero oferecem. Mas é a polenta que faz dele um lugar especial.

Tudo isso porque além de saborosa, sequinha e crocante, cada mordida tem gosto de infância. Época em que ir ao Frango Assado era uma tremenda diversão, passeio tão esperado por nós crianças, já que a família toda se reunia para comemorar o aniversário de alguém ou simplesmente para almoçar “em grande estilo”.
O Fernando diz que lembra até hoje o gosto do patê de espinafre servido no couvert. Eu não lembro. Vai ver não era da minha época!

Sugestão do chefe: O suco de milho acompanha bem a polenta, mas era mais gostoso antigamente.

Frango Assado: http://www.redefrangoassado.com.br

13 de abr. de 2007

Pratos leves e sobremesas caseiras

Depois de tantos meses de calor intenso, o frio ameaçou invadir os ares paulistanos e pegou muita gente desprevenida, inclusive nós. A solução mais rápida pra “quebrar o gelo” foi recorrer a uma gostosa tigela de sopa.
Lembramos do Saldoce, um misto de café, confeitaria e lanchonete que queríamos conhecer há algum tempo.


O ambiente é tão gostoso quanto seu cardápio, que, por sinal, é variado e conta com excelentes opções de comidinhas. Sopas, sanduíches, saladas, sucos, café, tortas e bolos agradam ao público de todas as idades em qualquer estação do ano.

Como já tínhamos decidido pelas sopas, experimentamos o caldo verde (R$ 12,40) e o creme parisiense de aspargos (R$ 16,40), ambos leves e com tempero caseiro.

Difícil foi escolher a sobremesa. Os bolos e tortas, cobrados por peso (R$ 4 cada 100 gramas), nos pareceram deliciosos. E de fato eram! Só não sabemos dizer se gostamos mais do bolo brigadeiro com cobertura de marshmallow ou da torta gianduia, cuja massa leva mousse de chocolate, creme de leite e licor de cacau.

O jeito vai ser você passar por lá e ajudar na nossa decisão.

Sugestão do chefe: Uma curiosidade da casa é que as mesas são equipadas com um aparelho para chamar o garçom. Basta apertar o botão que algum atendente, rapidamente, chega até você. E funciona mesmo!

Saldoce: Av. Rouxinol, 961 – Moema. Tel.: 5055-2364 http://www.saldoce.com/

11 de abr. de 2007

Tutti buona gente

Depois do Bixiga, qual bairro de São Paulo ostenta o maior número de restaurantes italianos por m2? Não saímos por aí de trena na mão medindo a distância de uma cantina a outra, mas temos a nítida impressão que a medalha de prata em quantidade de casas italianas vai para Moema.
Grande parte da concentração se deve à presença do Don Pepe di Napoli, rede dona de seis casas de inspiração italiana no bairro, todas com generosas porções a preços razoáveis.


O Don Pepe da alameda dos Arapanés é o mais animado deles, sempre com atendimento simpático que compensa a fila de espera nos fins de semana.
Tem cardápio preparado para agradar aos mais distintos paladares, com variedade de antipastos, saladas, risotos, carnes e peixes, além de uma vistosa paella (que pode não ser italiana, mas deve ser deliciosa) para quatro pessoas ao preço de R$ 123.
Porém, nem precisava dizer que a maioria dos freqüentadores chega à casa pensando nas massas. São porções para dois de spagueti, penne, cappelletti, ravioli, tagliarine, raviolone, fusilli e gnocchi com preços definidos de acordo com o molho escolhido. O napolitano, por exemplo, leva molho de tomate em pedaços, orégano e alho, e custa R$ 27,60. Quem preferir adicionar vôngole, pagará um pouco mais: R$ 31,10.
Se a idéia for combinar massa e carne, acerta quem pede o brasato com gnocchi: uma maminha que desmancha na boca, assada com molho à base de vinho tinto e ervas, servida com gnocchi misturado ao próprio molho.

Sugestão do chef: lá também é um bom lugar para comer filets de carne, ave ou peixe. As porções são enormes e os preços compensam. O filet mignon com funghi, molho branco e whisky sai por R$ 46,10 (R$ 32,20 a meia-porção). Já o chester à parmigiana fica por R$ 35,50.

Don Pepe di Napoli: Alameda dos Arapanés, 955 – Moema- São Paulo – SP – (11) 5055-6626 – www.donpepedinapoli.com.br

1 de abr. de 2007

Praça européia

A fachada é linda. O ambiente, para justificar o nome, lembra uma praça. O cardápio agrada nas bebidas e nos petiscos. Esse é o Platz, bar dos mesmos donos do restaurante suíço Florina (ali do lado) e do frigorífico Berna.


A freqüência maior é de moradores do bairro, que chegam para bebericar chopp Erdinger (R$ 7) ou uma das opções de cerveja importada. A alemã Hofbraü (R$ 11) é uma lager servida na caneca de 500 ml. Tem leve amargor e bom corpo. É produzida desde 1589, porém chegou ao Brasil apenas no ano passado. Como curiosidade, sua fábrica foi bombardeada em 1944, durante a 2ª Guerra, e a reconstrução só foi concluída em 1958.

Voltando ao Platz, nossa sugestão para enganar a fome é o mix de lingüiças (javali, calabresa com provolone e Nurenberg), que sai por R$ 17. Outra boa pedida são os pasteizinhos de carne e de queijo (R$ 10). Além de saborosos, combinam muito bem com as boas opções de chopp e cerveja que a casa oferece.

Com mais R$ 9, encerre experimentando o macio brownie, que chega à mesa acompanhado de sorvete de creme.

Sugestão do chef: Dessa vez é só uma lembrança: o Platz só abre à noite.

Platz Bar: R. Cristóvão Pereira, 1252 – Campo Belo – São Paulo – SP – Tel.: (11) 5531-4036 – Site: http://www.platzbar.com.br/

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